Livros infantis estão sendo banidos nos EUA

"A Bússola de Ouro", livro infantil aclamado de Philip Pullman, foi considerado um dos 100 melhores livros do gênero de toda a história, de acordo com votação promovida pela BBC Culture. Em 1996, porém, com sua primeira publicação nos Estados Unidos, foi proibido em algumas partes do país. Em 2008, já era considerado o segundo livro mais questionado dos Estados Unidos de acordo com a Associação Norte-Americana de Bibliotecas (ALA, da sigla em inglês).

Esse exemplo pode ser considerado o precursor da censura de livros infantis no país. Em 2022, a ALA atingiu níveis extremos ao incluir mais de 2,5 mil em sua lista de livros questionados. Diversas das obras que estão nessa lista são livros com questionamentos acerca de temas como raça, gênero, sexualidade, violência e abusos, saúde, bem-estar, morte e luto. Não só isso, como também escritos por pessoas da comunidade LGBTQIAP+ e não brancas.

A proibição ocorreu em 32 estados e a lista consta com obras como "Gênero Queer: Memórias", "Nem Todos Os Meninos São Azuis", "O Olho Mais Azul" e "Lawn Boy". Segundo a minoria barulhenta que apoia a censura, os motivos são "propaganda de ideologia de gênero", "material transexual", apoio à ideologia trans que ofende as meninas/mulheres", "desregramento sexual", "uso de álcool/drogas", "conteúdo LGBT", "violência", "antipolicial", "racista", "obsceno", "pedofilia" e "aliciamento".

Após o romance "O Círculo" ser proibido em Rapid City, na Dakota do Sul, Dave Eggers, autor, visitou a cidade em que seu livro foi retirado das escolas de ensino médio e as cópias foram destruídas.

O escritor George M. Johnson, a PEN America, a editora Penguin Random House e outros escritores e pais de duas crianças entraram com uma ação contra um condado da Flórida que retirou os livros, alegando que é uma violação da primeira e da 14ª Emenda à Constituição Americana. Eles pedem que os livros sejam devolvidos às prateleiras das escolas.